domingo, 27 de abril de 2014

AMOR QUE ADOECE E AMOR QUE CURA

Como nossa consciência pessoal nos liga a nossa família, ela desempenha um papel fundamental em nosso amor. 
Freqüentemente observamos nas crianças um amor especial, profundo e ilimitado em sua entrega e ao mesmo tempo auto-centrado e cego para suas conseqüências. Esse amor acredita no auto-sacrifício como modo de proteger as pessoas amadas, mesmo que isso na verdade não passe de uma idéia mágica que nada tem a ver com a realidade dos fatos observados. Esse amor, Hellinger denominou de “amor cego”, e percebeu que nele reside a base de todas as tragédias – daí a alcunha “amor que adoece”. Esse amor se insurge contra a ordem estabelecida e contra a realidade, tal como se apresenta, até mesmo contra a morte. Ele espera suplantar tudo com sua força. E por isso falha.
Em oposição a esse amor observamos um outro amor, mais amplo e abrangente em sua visão e também mais comedido e humilde em seus atos. Hellinger denominou esse amor de “amor ciente” ou também “amor que vê”. Esse amor flui junto com a ordem e se detém face aos fatos impossíveis de serem mudados, renunciando a agir além do que as condições permitem. Esse amor também mantém em seu campo de visão o outro, o ser amado, e o amor que emana dele para nós. É humilde e comedido, respeitoso. E por isso alcança. 

Para ilustrar tal diferença entre esses dois amores, tomemos um exemplo.

Imaginem uma menina de 5 anos ao lado do leito de sua mãe, a qual se encontra gravemente doente. A mãe sabe que suas chances de sobreviver são remotas e a criança por sua vez percebe isso com facilidade, como todas as crianças. 
Agora tomemos a imagem do primeiro amor, atuando no coração dessa menina. Surge imediatamente o desejo de “salvar” a mãe. Isso é natural numa menininha de 5 anos. Ela talvez diga em segredo em seu coração “Quando você for para a morte mamãe, eu a seguirei.” Ou “Eu morrerei em seu lugar mamãe, e assim você pode ficar”. 

E como se sente a consciência pessoal dessa menina? Leve! Se sente uma heroína, pois sente que dá sua vida para salvar a da mãe. Porém, o efeito desse amor é desastroso. A criança na verdade não pode fazer nada. Além disso, como se sente a mãe, caso pudesse ouvir o que se passa no coração da menina? Muito mal, com certeza.

Agora imaginemos um outro modo de amar. Imaginemos que a criança cresce, vive, e depois de um tempo, diz em seu coração a sua mãe: “Querida mamãe! Você é e sempre vai ser a minha querida mamãe! Você me deu a vida, e eu a tomo como um presente precioso! E, com essa vida, irei fazer algo de bom. Se por acaso me for dado também ter filhos, direi a eles sobre a mamãe maravilhosa que você foi para mim. E, no meu tempo certo, morrerei também.”

Como se sente a filha agora? Como se sente a mãe? Como se sentirão os futuros netos?

quinta-feira, 10 de abril de 2014

A Gratidão

"Agradecer significa:

Tomar o que me é dado,
Segura-lo com respeito nas mãos,
Acolhe-lo dentro de mim,
Em meu coração,
Até que percebo internamente:
Agora é uma parte de mim.

Agradecer é tambem:

Aplicar o que me foi dado
E se tornou uma parte de mim
Numa ação que permita a outros
Alcançar tambem
O que me enriqueceu

So então o que me foi dado
Alcança sua plenitude."

"Agradecer me torna grande, pois quando agradeço tomo algo de outros como um presente. Isso me enriquece, porque o recebo. Ao mesmo tempo, o que recebo agradecido não pode ser perdido por mim. O agradecimento me permite conservá-lo e aumentá-lo. Ele atua como o sol e a chuva morna atuam sobre uma planta jovem. Ela floresce.

O agradecimento une e faz com que nossos relacionamentos floreçam pois, de bom grado, se dá a quem agradece. Por seu lado, quem recebe agradecido torna-se interiormente aberto e não pode deixar de dar e passar adiante o que recebeu com graditão. Assim, o agradecimento nos torna felizes e enriquece a ambos.

Quem agradece, honra o que lhe foi dado e, simultaneamente, honra aqueles que lhe presentearam. Assim, o agradecimento engrandece a todos: a mim, a dádiva e ao doador."

Bert Hellinger (No livro: Pensamentos pelo Caminho)