quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

ADOÇÃO: SOB A VISÃO DA CONSTELAÇÃO FAMILIAR




Uma questão que veio à tona no primeiro módulo do nosso Curso de Formação em Constelações Sistêmicas foi a questão da adoção. Como se vê a adoção nas Constelações? Porque a criança/pessoa adotada necessita reconhecer os pais biológicos?
Qual o nível de interação da criança com seus pais adotivos? A adoção é uma questão polêmica e são muitas dúvidas que envolvem esse tema. Resolvemos então comentar um pouco mais.
Na constelação trabalhamos com três níveis de consciência: a consciência pessoal, a consciência sistêmica/coletiva e a consciência espiritual. Fazendo uma analogia, podemos pensar em três níveis de vínculo: o vínculo pessoal, o vínculo sistêmico e o vínculo espiritual.
No nível do vínculo pessoal a criança adotada, tem um vínculo maior com os pais adotivos, pois a criança está sendo cuidada pelos seus novos pais. Podemos também chamar esse vínculo de psicológico. Psicologicamente essa criança está mais conectada com os pais adotivos.
Percebemos porém que em um nível sistêmico a criança adotada está mais fortemente ligada aos seus pais biológicos, mesmo que não os tenha conhecido. Se observarmos uma constelação onde colocamos a criança junto com seus pais biológicos e os adotivos, essa criança mostra um forte vínculo com seus pais biológicos. Esse vínculo é tão forte que a criança pode até mesmo repetir o destino desses últimos. Podemos dizer que os filhos adotados são leais ao seu sistema de origem.
As observações mostram que os problemas com os filhos adotados, principalmente as adoções que são mantidas em segredo, inicia-se no final da adolescência. A solução para a família que adotou passa pelo reconhecimento dos pais biológicos, colocando-os no seu coração e olhando-os com amor, sem julgamento e sem críticas à sua conduta. Os filhos adotivos dessa forma se tranquilizam e aceitam sem revolta o amor e os cuidados dos pais adotivos.
Outro exemplo que mostra a força do vínculo sistêmico é o aborto. Em muitas constelações quando olhamos para os pais e seu filho abortado, vemos que mesmo não tendo participado da vida dos pais fora do útero, esse filho se vincula profundamente a seus pais. Podendo o aborto gerar diversos problemas e conflitos, inclusive a separação do casal.
No terceiro nível, o espiritual, a criança está além dos vínculos, além da família. Ela pode escolher seu próprio caminho. E esse caminho passa pelo reconhecimento e agradecimento à família que lhe acolheu – os pais adotivos, bem como um reconhecimento e um agradecimento, talvez ainda mais profundo, aos pais que lhe deram a vida. Ela então, está livre para seguir seu caminho individual e buscar a sua felicidade e realização.

Texto: Guilherme Ashara

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